O mal de Steve Jobs: Câncer de Pâncreas.


O câncer de pâncreas é um crescimento anormal e desordenado das células desse órgão, que pode ser benigno ou maligno. Dentre os vários  tipos existentes, 90% dos casos são malignos, e responsável por aproximadamente 4% das mortes por câncer no Brasil.
Nos Estados Unidos, cerca de 26 mil pessoas são diagnosticadas com o distúrbio. Mesmo naquele país, a taxa de mortalidade é alta, por se tratar de um tumor de difícil diagnóstico e extremamente agressivo. Um dos fatores que dificultam sua detecção é a localização do pâncreas, que situa-se na cavidade mais profunda do abdome, atrás de outros órgãos.

O pâncreas divide-se em três partes: cabeça, corpo e cauda, sendo que o tumor pode ocorrer em qualquer uma delas, com maior incidência na região da cabeça. Predominantemente no sexo masculino, raramente aparece em pessoas com menos de 30 anos de idade, sendo mais comum a partir dos 60. 
De acordo com dados da União Internacional Contra o Câncer (UICC), com o avançar da idade, há um aumento de 10 casos em cada 100 mil pessoas de 40 a 50 anos, para 116 casos em cada 100 mil idosos de 80 a 85 anos.
Situado atrás do estômago, entre o duodeno e o baço, o pâncreas é uma glândula do aparelho digestivo e endócrino, responsável pela produção de enzimas que atuam na digestão dos alimentos, como o suco pancreático. O órgão também produz importantes hormônios endócrinos, como o glucagon e a insulina, que são responsáveis pelo controle do nível de açúcar no sangue. Presente em vários animais, nos humanos ele mede de 15 a 25 cm.


COMO SE ADQUIRE?  
Dentre os vários fatores que podem aumentar as chances de uma pessoa vir a desenvolver a doença destacam-se: o tabagismo – que aumenta as chances de aparecer o distúrbio em três vezes ou mais, de acordo com a quantidade e do tempo do vício –, o consumo excessivo de alimentos gordurosos, carnes e a ingestão de bebidas alcoólicas.
Pessoas que manipulam compostos químicos durante longo tempo, como solventes e derivados de petróleo, também correm perigo. Contribuem ainda para o surgimento desse câncer doenças como o diabetes e a pancreatite crônica, além de procedimentos cirúrgicos para úlcera no estômago ou duodeno e retirada da vesícula biliar.


SINAIS, SINTOMAS E DIAGNÓSTICO
Normalmente, a doença é assintomática no início e, quando surgem os primeiros sinais e sintomas, ela pode já estar em um estágio muito avançado. Conforme o  câncer se desenvolve, as funções do órgão diminuem e, dependendo da  região onde estiver localizado, é possível que a pessoa sinta fraqueza, diarreia e tontura. Perda de apetite e anorexia também são frequentes e contribuem para a redução na ingestão de alimentos calóricos, o que provoca perda de peso e desnutrição.
Quando o tumor cresce na cabeça do pâncreas, pode haver obstrução do sistema biliar e, consequentemente, a icterícia, que deixa a pele e os olhos amarelados. 
À medida que a moléstia se desenvolve, surgem as dores, que intensificam-se com a evolução do problema e, comumente, atingem as costas. A perda de função do órgão passa a ser aparente com a diminuição da produção dos hormônios, o que pode ocasionar o aumento do nível de glicose no sangue, causado pela deficiência na produção de insulina.
Após o relato dos sintomas, são feitos exames de laboratório, como de sangue, fezes e urina. Posteriormente, são solicitados exames de imagem, como tomografia computadorizada do abdome, ultrassonografia abdominal, ressonância nuclear de vias biliares e da região do pâncreas e, por último, a biópsia do tecido.



TRATAMENTO
Na maioria dos casos ocorre um diagnóstico tardio e o tumor já está em fase avançada, o que é muito prejudicial. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), as terapias empregadas nesses pacientes visam aumentar a sobrevida, mas não conseguem a cura, cujas chances são maiores quando o problema é detectado em fase inicial.
Nos casos com indicação cirúrgica, é feita uma ressecção (retirada de um órgão em percentagem variável, normalmente em procedimentos cirúrgicos), dependendo do estágio do tumor, mas a cura cirúrgica ocorre em percentual inexpressivo dos casos. A radioterapia e a quimioterapia, associadas ou não, podem ser utilizadas para a redução do tumor e alívio dos sintomas. 
Na maioria dos pacientes, o foco do tratamento são os sintomas, para lhes proporcionar melhor qualidade de vida. Nesses casos, é feito o controle de sintomas, como a anorexia (para evitar a perda de peso), a dor abdominal e a icterícia, além das consequências digestivas da cirurgia pancreática.
Quando o câncer causa uma obstrução do trato intestinal, os pacientes podem se beneficiar de nutrição enteral (uso de sondas) ou parenteral (injetada nas veias). De acordo com a fase da doença, ela pode causar dor abdominal, que deve ser controlada, primeiramente, com a administração oral de analgésicos não narcóticos e, quando necessário, analgésicos opióides potentes como a morfina. O tratamento específico e paliativo para minimizar a dor é o que bloqueia o plexo celíaco, que é o conjunto de nervos que conduz os estímulos dolorosos para o cérebro.

PREVENÇÃO
A prevenção é feita com a adoção de alguns hábitos, como evitar o tabagismo e a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas, além de manter uma dieta balanceada, rica em fibras, com frutas e vegetais.
Segundo o Inca, indivíduos submetidos a cirurgias de úlcera no estômago ou duodeno, ou que sofreram retirada da vesícula biliar, e ainda aqueles que têm pancreatite crônica ou diabete devem fazer exames periódicos para que haja, se for o caso, uma detecção precoce, o que aumenta muito a eficiência do tratamento.


Fonte: Revista Medicando - Adaptado.