Cocaína: os perigos do pó branco'

A adesão mundial aos produtos à base de coca põe hoje a tônica sobre o alastramento do consumo de cocaína. Pequenas doses dos produtos à base da folha de coca e consequentes efeitos geram vários agravos à saúde, podendo levar o indivíduo viciado à morte. Nem todas as pessoas reagem da mesma maneira a esses efeitos, e assim se explica porque alguns caem presa fácil da dependência da cocaína. 

Pó branco
A cocaína apresenta-se em pó, cristalino e de cor branca com efeitos anestésicos e cujo uso continuado, pode causar outros efeitos indejados como dependência, hipertensão arterial e distúrbios psiquiátricos
Para se obter 1 kg de cocaína, são necessários cerca de 700 kg de folhas de coca. A coca é uma planta que cresce naturalmente na América Latina, particularmente na região dos Andes. Consumida há centenas de anos pelos povos ameríndios, hoje as suas folhas continuam a ser mascadas pelos índios, que assim combatem a fome, o cansaço e até a sede, além do uso terapêutico. 
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Plantação de Coca

Como se consegue obter a cocaína?
A cocaína é sintetizada a partir de processos que envolvem vários poluentes. Inicialmente e de forma rústica, as folhas de coca são colocadas em buracos no solo onde se deita óleo de parafina, para proceder à maceração das folhas. 

Numa segunda fase, as folhas são colocadas num novo recipiente com ácido sulfúrico, de modo a poder obter-se o sulfato de cocaína. Depois, a sua decantação resulta numa pasta base a partir da qual se precipita a cocaína com o auxílio de acetona ou outra substância usada na sua dissolução. Para que seja considerada cocaína pura, os solventes são eliminados na totalidade, ficando esta sem qualquer odor.
Para a distribuição da cocaína pelos consumidores: mistura-se diversas substâncias, de modo não só a incrementar as margens de lucro dos traficantes, como ainda a preparar a sua deslocação dos laboratórios improvisados até ao consumidor final. Usam-se, então, cimento branco, pó de talco, pó de vidro, ácido acetilsalicílico, dentre outros tóxicos...
É aqui que reside o segundo grau de perigosidade do uso e consumo da cocaína: na maior partes das vezes, essa droga nunca chega ao consumidor final pura para consumo, mas sim uma mescla química altamente tóxica para o corpo humano.

O consumo de cocaína
Existem várias possibilidades para consumir cocaína: desde a inalação do seu pó através de um tubo pelas narinas, até à injecção directa nas veias, com o auxílio de seringas; o que eleva consideravelmente o risco de uma parada cardíaca irreversível, causada por uma
overdose.
Os perigos da sua utilização nasal também são elevados. As células epiteliais e outros tecidos das fossas nasais são seriamente danificados, podendo isso conduzir à necrose, isto é, morte celular pela ação da cocaína nessas células nasais. 

Uma vez entrada a cocaína no organismo, este irá, através do fígado, proceder à  metabolização e eliminação dessa substância como forma de desentoxicar o organismo. Nessa ocasião a cocaína pode gerar danos hepáticos sérios com risco de comprometer a atividade deste órgão.
 
Neurobiologia da cocaína
A cocaína entra no cérebro provocando uma desregulação química em estruturas microscópicas nos condutores energéticos, tais como a sinapse. Uma sinapse é o espaço existente entre dois neurônios onde ocorre a transmissão de impulsos nervosos de um neurônio para o outro através da liberação de substâncias (neuromediadores) , as quais favorecem essa transmissão de impulsos. 
Ao se consomir cocaína, há o aumento da concentração dos neurotransmissores dopamina e noradrenalina no espaço sináptico, aumentando também a duração do efeito desses neuromediadores.  
Quando isto acontece, uma série de sequências biológicas são desencadeadas: aumento da contração e frequência cardíaca e tensão arterial, o raciocínio é melhorado e incrementado, a clareza do pensamento torna-se mais aguda, a sensibilidade à dor diminui. Este conjunto de respostas biológicas permitem à pessoa sentir-se mais apta para reagir a uma situação de stresse agudo, pois a sua consciência, destreza, acuidade ou resistência aumentam.
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Este estado de “alerta” do organismo conduz ao prazer, a um sentimento de mente desobstruída, libertação associado a sensação de invencibilidade e sucesso.
O problema é que ocorre a habituação do cérebro à presença da cocaína, o qual passa a depender dela para vivenciar essas sensações descritas. Isto provoca cada vez mais “alheamento” perante a realidade (social, como amigos, familiares) levando a pessoa a viver cada vez menos com emoções naturais. O que lhe passa a interessar é diminuir o tempo entre a toma de doses. Inicia-se então o duro caminho da procura das doses, em que todos os meios passam a valer para atingir esse objetivo. É a degradação acelerada do indivíduo, presa da cocaína.

Efeitos da cocaína em altas doses e a longo prazo  
Os efeitos, em altas doses, são: convulsões, depressão neuronal, alucinações, paranóia, taquicardia, mãos e pés adormecidos, depressão do centro neuronal respiratório, depressão vasomotora e até mesmo coma e morte em uma overdose. Além disso, a cocaína pode causar malformações e atrofia do cérebro e malformações dos membros na criança se usada durante a gravidez. 
 

Efeitos a longo prazo:
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  • Perda de memória
  • Perda da capacidade de concentração mental
  • Perda da capacidade analítica.
  • Falta de ar permanente, trauma pulmonar, dores torácicas
  • Destruição total do septo nasal (se inalada)
  • Hemorragias cerebrais e destruição neuronal
  • Perda de peso até níveis de desnutrição
  • Dores de cabeça
  • Desmaios
  • Distúrbios dos nervos periféricos  ("sensação do corpo ser percorrido por insetos")

 


Fontes: Revista Saúde e Lar;  Flávia Campos Bahls, Saint-Clair Bahls; Cocaína: origens, passado e presente; Interação em Psicologia, 2002, 6(2), p. 177-181.

 

 

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